Nos EUA, os republicanos culpam o aumento dos benefícios de desemprego, enquanto os economistas de esquerda propõem pagar salários mais altos
A Technik posta artigo muito interessante , com matéria da Jornalista Júlia Horowitz, do CNN Business veiculado em 04 de julho de 2021
Sobre esse artigo, o Engenheiro Fernando Lescovar Neto, CEO Founder do Grupo Technik Engenharia complementa: “…parece que tal situação irá continuar a se repetir, como resultado do crescimento econômico que temos observado em todos nossos clientes e fornecedores. Você também tem percebido isso?”
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Abaixo a matéria da CNN Brasil na integra:
Há um problema sério nas granjas de James Hook. E não há nada de errado com suas galinhas.
A P.D. Hook, um incubatório que abastece um terço das galinhas vendidas no Reino Unido, deveria estar em crescimento com a economia de volta aos trilhos. Mas a empresa carece de cerca de 40 trabalhadores agrícolas, o dobro do número usual de vagas.
Ao mesmo tempo, há um grande déficit de caminhoneiros, dificultando o transporte de aves da granja até os frigoríficos onde são abatidas, cortadas e embaladas. E quando as galinhas chegam, há falta de pessoal nas plantas de processamento também.
“Tudo acontece em um momento em que todos querem mais de tudo”, disse Hook, o diretor-gerente da empresa. “É uma tempestade perfeita”.
Os problemas não são exclusivos da P.D. Hook, seu setor ou do Reino Unido. Em todo o mundo, companhias aéreas, restaurantes e hotéis não conseguem preencher vagas em aberto, impedindo esforços para capitalizar com a demanda da volta dos consumidores. Muitos trabalhadores que voltaram para casa quando no início e no auge da pandemia não voltaram aos estaleiros, fábricas ou canteiros de obras, atingindo a produção e paralisando projetos. Até restaurantes com estrelas Michelin e bancos de Wall Street dizem que não conseguem contratar pessoas suficientes para atender às suas necessidades.
Nos Estados Unidos, os congressistas republicanos culpam o aumento dos benefícios de desemprego como um dos motores do problema, enquanto os economistas de esquerda propõem uma solução simples: pagar salários mais altos. No Reino Unido, grupos de lobby estão pedindo ao governo do primeiro-ministro Boris Johnson para revisar as regras de imigração pós-Brexit para que os europeus possam preencher as vagas. Já os líderes de Singapura e da Austrália se sentem sob pressão para relaxar as restrições de viagens para que os trabalhadores migrantes possam retornar.
O que está cada vez mais claro é que, depois que a pandemia do coronavírus causou um choque sem precedentes na economia global, deixando dezenas de milhões de pessoas sem trabalho e deslocando muitas outras, o mercado de trabalho nunca mais será o mesmo. Trabalhadores preparados estão presos nos lugares errados. Outros se aposentaram precocemente, são céticos quanto a voltar ao trabalho diante de problemas de saúde persistentes ou estão tendo dificuldade em obter cuidados confiáveis para os filhos.
A economia que está saindo da crise também parece diferente da que a precedeu. A demanda é maior em alguns setores e menor em outros. Os trabalhadores deixaram os empregos da linha de frente em alguns setores por funções menos expostas ao coronavírus, que não serão afetadas por novos lockdowns ou oferecem melhor equilíbrio entre vida profissional e pessoal.
Nos Estados Unidos, um recorde de 4 milhões de pessoas deixaram seus empregos em abril, incluindo 649 mil trabalhadores do varejo. Uma pesquisa recente da EY com mais de 16.200 funcionários em todo o mundo descobriu que mais da metade consideraria abandonar o emprego após a pandemia se não fosse oferecida flexibilidade suficiente sobre onde e quando trabalham.
“É um momento de fluxo”, afirmou Erica Groshen, que atuou como comissária do Bureau of Labor Statistics dos EUA de 2013 a 2017. “Não é uma questão de escassez geral de mão de obra, mas sim um tempo de mudanças estruturais [para a economia]”.
“Os desafios são enormes”
Em todo o mundo, as empresas estão citando uma preocupação semelhante: elas precisam de trabalhadores. Precisam deles rapidamente. E nem sempre conseguem encontrá-los.
Os Estados Unidos relataram a abertura de 9,3 milhões de vagas em abril. O Reino Unido viu as ofertas de emprego anunciadas subirem 45% entre o final de março e meados de junho, de acordo com Adzuna, um mecanismo de busca de empregos. O grupo de pesquisa IHS Markit relata que as empresas em toda a União Europeia estão sofrendo com a falta de pessoal à medida que a atividade empresarial cresce no ritmo mais rápido em 15 anos.
“Definitivamente, há uma escassez de candidatos a emprego”, disse Andrew Hunter, cofundador da Adzuna. “Há todas essas vagas no mercado, mas ninguém se candidata para elas”.
O problema é particularmente agudo na indústria de hospitalidade. Jack Kennedy, economista do Reino Unido no site de empregos Indeed, disse que as ofertas de empregos em preparação de alimentos e serviços dispararam 507% entre o final de fevereiro e o início de junho, e que “a disponibilidade de candidatos não acompanhou” o aumento.
A Darden Restaurants, proprietária da rede Olive Garden, a Chipotle e o McDonald’s estão aumentando os salários na tentativa de atrair novos funcionários. A empresária Laura Harper-Hinton está tentando uma abordagem diferente para preencher 150 vagas. Sua rede de restaurantes em Londres, chamada Caravan, começou a oferecer bônus por indicação aos clientes.
“Os desafios são enormes”, disse Harper-Hinton.
Não se trata apenas de restaurantes e cafés. O Reino Unido, por exemplo, também precisa de dezenas de milhares de motoristas de caminhão, bem como açougueiros em frigoríficos e trabalhadores em canteiros de obras.
Iain McIlwee, chefe do grupo comercial que representa as empresas britânicas envolvidas na instalação de tetos, paredes e revestimento, disse que mais de 60% dos membros estão preocupados com a falta de pessoal durante a agitada temporada de verão.
Onde estão os trabalhadores?
Há muitos motivos pelos quais as empresas não conseguem encontrar trabalhadores suficientes para preencher vagas em aberto. Mas um elemento é bastante simples: a incompatibilidade geográfica.
A pandemia desencadeou um movimento de massa de pessoas deixando cidades conforme os empregos eram cortados e as vantagens da vida urbana evaporavam. Nem todo mundo voltou. Muitos estudantes que normalmente seriam contratados no setor de hospitalidade em cidades como Nova York ou Londres ainda em casa, enquanto outros deixaram permanentemente os centros urbanos.
O ritmo irregular de redução das restrições ao coronavírus encorajou alguns trabalhadores a se mudarem para novos endereços. Sandra Warden, diretora-gerente da Dehoga, que representa o setor de hospitalidade da Alemanha, disse que a indústria perdeu trabalhadores para a Áustria ou a Suíça, onde os restaurantes reabriram muito antes.
Limites rígidos ao movimento internacional também prejudicam locais como Singapura, onde os trabalhadores migrantes representam cerca de 38% da força de trabalho, de acordo com Nilim Baruah, um especialista em migração com foco no sudeste asiático na Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No mês passado, o Ministério de Recursos Humanos de Singapura reconheceu que a cidade-estado “não foi capaz de substituir adequadamente aqueles que deixaram Singapura” por causa dos controles de fronteira com o objetivo de impedir a disseminação da Covid-19. As entradas de pessoas vindas do sul da Ásia foram totalmente interrompidas em maio.
A Sembcorp Marine, uma empresa com sede em Singapura que opera estaleiros, disse no início deste mês que está procurando novas estratégias de recrutamento. Ele disse que controles mais rígidos nas fronteiras “impactaram a execução e a conclusão programada” de alguns projetos.
“Os empregadores têm contratado trabalhadores anualmente”, explicou Baruah. “A implantação não foi possível por causa de restrições de movimento”.
E ai, qual sua opinião?